Todas as grávidas, sem contra-indicações médicas, devem ser fisicamente ativas.  A prática de exercício físico durante a gravidez tem inúmeros benefícios, tais como, o aumento da resistência e energia, promoção de melhor consciência corporal, diminuição de desconfortos físicos, fortalecimento da musculatura essencial para a gravidez e parto e controlo do ganho de peso. Para além destes benefícios, existem ainda reduções clinicamente significativas na probabilidade de desenvolver diabetes mellitus gestacional, pré-eclampsia, hipertensão gestacional e sintomas depressivos.

Existem, no entanto, algumas contra-indicações e, por esse motivo, todas as mulheres devem realizar uma avaliação prévia com a/o obstetra que acompanha a gravidez antes de iniciar/manter a prática de exercício físico.

Para aquelas a quem é recomendada a prática de exercício físico devem, preferencialmente, ser acompanhadas por um profissional com formação na área e seguir as recomendações internacionais (Figura 1. Modelo FITT).

O modelo FITT deve ser adaptado de forma individual de modo a ir de encontro às necessidades e objetivos de cada mulher. Para ajudar, existem algumas questões fundamentais que devemos responder:

Era fisicamente ativa antes da gravidez? 

É importante perceber a aptidão da mulher para a prática de exercício, de modo a melhor adaptar o modelo FITT à sua condição atual. Se já era fisicamente ativa, é mais provável que consiga adaptar-se melhor às demandas que são impostas ao sistema cardiovascular e respiratório, bem como, ao aumento da carga sobre as articulações, pavimento pélvico, abdominal e seios.

2.   Sente algum tipo de desconforto/dor?

A gravidez é um período de adaptação constante do corpo da mulher e, podem surgir algumas condições musculoesqueléticas comuns na gravidez e que podem agravar durante a prática de exercício físico, tal como a dor lombar/pélvica. É importante procurar um fisioterapeuta para a ajudar com este tipo de condições e eventualmente adaptar os exercícios.

3.   Tem algum sintoma de disfunção do pavimento pélvico?

O pavimento pélvico funciona como o chão da nossa pélvis e é responsável pelo suporte dos órgãos pélvicos, incluindo o útero, a bexiga e o reto. O peso que o útero está a exercer sobre esta estrutura e todas as alterações hormonais decorrentes da gravidez, podem levar ao aparecimento de alguns sintomas, tais como perdas de urina e sensação de peso vaginal. É importante que neste tipo de situações procure um fisioterapeuta com especialização em reabilitação pélvica.

Se o médico autorizou a prática de corrida e se não sente dor/desconforto não tenha receio de praticar exercício físico. No entanto, há alguns aspetos a ter em atenção:

1.     Sentir-se confortável – usar umas boas sapatilhas e um bom soutien para suporte do peso dos seios, ter atenção à hidratação e evitar exercitar-se nos períodos de maior calor é fundamental.

2.     Monitorizar a intensidade do esforço – poderá monitorizar a intensidade através da frequência cardíaca – até 146 bpm (batimentos por minuto) para mulheres com idade <29 anos e 141 bpm para idade >30 anos – ou de uma escala de percepção do esforço – imaginando que tem uma escala com um intervalo de 0-10, em que 0 é repouso e 10 esforço máximo, o esforço não deverá ultrapassar o 6 (esforço moderado).

3.     Parar/adaptar o treino se sentir algum dos seguintes sintomas:

      – Dor (lombar, pélvis, joelhos)*

      – Incontinência urinária e/ou fecal*

      – Abaulamento ou tensão ao longo da linha alba (tecido conjuntivo que liga os dois lados dos músculos reto abdominal)*

      – Falta de ar excessiva**

      – Dor torácica severa**

      – Contrações uterinas regulares e dolorosas**

      – Sangramento vaginal**

      – Perda persistente de líquido vaginal**

      – Tontura persistente**

*requer avaliação por parte do médico e/ou fisioterapeuta

**requer avaliação médica imediata

Cada mulher é única assim como cada gravidez. Converse com o seu médico, ouça o seu corpo, procure ajuda e adapte o treino sempre que necessário. 

 

Bons treinos,